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Fênix Recanto: O time de futebol de várzea que tenta unir a comunidade

  • Writer: Scretch
    Scretch
  • Jun 26, 2020
  • 4 min read

 Foto reprodução: Acervo do time

O time inicialmente atuava no futsal e depois passou a jogar nos Campos de São Paulo



Por: Juliana Araújo e Welber Kempes


O Fênix Recanto nasce da paixão e da necessidade de unir. Fernando Souza, idealizador do projeto, diretor e técnico do time traz momentos marcantes que consagram 10 anos do time de várzea do Recanto Campo Belo, extremo sul de São Paulo, Parelheiros.


Fernando, que criou a equipe no dia 20 de maio de de 2010, conta que o time tenta unir o bairro e, principalmente a mudar a falta de crença da comunidade nessa jornada.


“As pessoas não acreditam umas nas outras, o Fênix vem tentar mudar [...] Cada dia mais batalhando para trazer as melhorias tanto para o bairro como para o time. O nosso lugar é muito esquecido, infelizmente o Recanto Campo Belo se tornou um lugar esquecido de todos, mas o time vem trazer isso, trazer o nome do bairro para fora”, disse Fernando.

O bairro Recanto Campo Belo não disponibiliza de um campo de futebol para a comunidade, o apoio que o time tem é todo filantrópico, família, amigos e os atletas se dispõem a ajudar de toda forma. “Essas pessoas que apoiam o time, que merecem todo o agradecimento por ter o Fênix até hoje”. contou o dono do time.


A união e a amizade são temas recorrentes que Fernando conta que esse é o espírito do time. “Dá valor as pessoas que a gente realmente quer ter perto”. Esse espírito está presente na equipe desde o começo, onde viveram a desilusão da derrota nos primeiros 3 meses. “Foram muitas pancadas, porque a gente era time de quadra e estava acostumado a jogar em ambiente pequeno e aí você sai para jogar em campo grande. Os primeiros três meses foram só de derrotas, o time só perdia [...] o começo foi muito difícil, foi complicado não é fácil ter um time de várzea”, expressou Fernando.


Fernando Souza comemora a vitória de um festival ao lado família e amigos



A organização do Fênix passa exclusivamente pelas mãos do Fernando. Ele faz o processo de escolha dos atletas que na maioria das vezes são indicados pelos atletas que já estão no time.


Um time de várzea lida com muitas dificuldades e uma delas é a falta de patrocínio, já são 10 anos de estrada e eles não tem um patrocínio fixo. Manter um time não é fácil, Fernando busca essa ajuda e é uma das metas depois dessa primeira década do Fênix. “Hoje o Fênix no facebook tem mais de mil pessoas, no instagram mais de duzentas pessoas seguindo a página, não possível que a gente não consiga trazer um patrocinador para essa equipe. Porque ninguém está pedindo milhões, uma ajuda, a mínima que seja, algo que venha trazer uma ajuda para time”.


O time ainda não conquistou um título de expressão, mas há muito emoção envolvida nos finais de semana do time, uma das principais histórias de superação envolve a morte de um familiar importante de um dos jogadores: “No campeonato de 2013, foi o melhor que nós disputamos, eliminamos as principais equipes e na semifinal em dezembro, o nosso goleiro acabou perdendo o pai. Aquilo abalou muito a equipe a gente vinha em um embalo e faltava dois dias para a semifinal acontecer [...] o jogo acabou empatado, e foi para os pênaltis. Foi algo muito marcante ter o nosso goleiro ali mesmo com tudo o que ele estava passando, ele acabou defendendo o pênalti que levou a gente para a final, não tinha quem não chorasse no campo".


"Foi algo inspirador foi 9 x 8, todo mundo batendo e fazendo, e eu lembro que no nono pênalti do time adversário, eu sai correndo e falei para o nosso goleiro, pega esse pênalti pelo seu pai. E ele foi e defendeu.’’

Momentos inusitados também estão presentes: “A gente foi jogar no campo do Herplin, ainda era terrão, o time da casa estava vencendo por um a zero e acabamos empatando a partida. Isso generalizou uma briga, foi uma confusão e um dos nossos atletas tinha acompanhado o time só que tinha feito uma cirurgia na parte da barriga e na hora da confusão, ele querendo ajudar a gente, ele ficou com a mão como se tivesse armado e os jogadores saíram gritando ‘o cara tá armado, o cara tá armado’. Não ficou ninguém dentro do campo, a gente ri disso até hoje”.


Para Fernando, o envolvimento da comunidade e do estado é fundamental nessa nova jornada, porém infelizmente esses não agem como ‘’bateria’’. O bairro precisa de incentivo tanto da comunidade como dos governantes.


Ele conta que movimentos assim devem ser abraçados e fortalecidos. A comunidade precisa se fazer presente e as autoridades também, o futebol de várzea salva vidas, constrói sonhos e tornam pessoas melhores, um movimento dessa proporção não pode ser esquecido.


Quando nos damos as mãos, as coisas se tornam mais fáceis. Parabéns, Fênix Recanto pelos 10 anos, pelas quase conquistas que na sua grande maioria nos fazem ganhar mais.

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